The Journal of the Brazilian Society of Cancerology

A farmacogenética e o tratamento do câncer colorretal: revisão de literatura

A farmacogenética visa a avaliar as modificações genéticas hereditárias que atuam diretamente na ação,
no transporte, na metabolização e em outros parâmetros dos medicamentos utilizados para o
tratamento de várias doenças. Este trabalho teve por objetivo revisar conceitos básicos para o
entendimento da farmacogenética e entender suas aplicações no câncer colorretal (CCR), avaliando os
polimorfismos nos genes relacionados às principais drogas utilizadas no tratamento dessa doença. Para
esta revisão, foi realizada busca de artigos em bases indexadas. Além disso, foram avaliadas a relação
das drogas empregadas no tratamento do câncer e a influência dos polimorfismos específicos no
tratamento de cada tipo de neoplasia, por meio da modificação da expressão de proteínas codificadas
por genes. Foram utilizadas as bases: Drung Bank Database, The Pharmacogenomics Knowledge Base
e Database of Single Nucleotide Polymorphism (dbSNP). Para avaliação do nível de evidência, foi
utilizado o algoritmo disponível na Pharmacogenomics Knowledge Base. Foram avaliados os genes e
seus polimorfismos relacionados com as drogas: platinas, fluoropirimidinas e irinotecano. Para as
platinas, foram avaliados os genes: ERCC_rs11615, MTHFR_rs1801133, XRCC3_rs861539, XPC_
rs2228001, XRCC1_rs1799782, XRCC1_rs25487; para as fluoropirimidinas: MTHFR_rs1801133,
GSTP1_rs1695, XRCC3_rs861539, XRCC1_rs25487, DPYD_rs3918290; e para o irinotecano:
XRCC3_rs861539, UGT1A1_rs8175347.

Leiomiossarcoma primário de testículo: relato de caso e revisão de literatura

O leiomiossarcoma testicular primário é uma neoplasia maligna com incidência extremamente baixa.
Os autores relatam um caso de um paciente de 73 anos de idade, que refere trauma prévio e posterior
percepção de nódulo de testículo direito, sendo submetido à orquiectomia unilateral. O estudo histopatológico revelou leiomiossarcoma de testículo confirmado por análise imuno-histoquímica. Os autores descrevem o tratamento proposto ao paciente do caso relatado, opções de tratamentos quimioterápicos que existem para doença avançada, prognóstico e seguimento do paciente.

Tumor de células gigantes localmente avançado ao nível do joelho: tratamento e revisão da literatura

Tumor de células gigantes (TCG) é um tumor ósseo benigno com características agressivas. São mais
prevalentes na terceira e quarta décadas de vida e localizam-se preferencialmente na região epifisária dos
ossos longos. Apresentam altas taxas de recorrência local, a qual depende do tipo de tratamento e da
apresentação inicial do tumor. O risco de disseminação sistêmica (metástases pulmonares) é de aproximadamente 3%. Entre outubro de 2010 e agosto de 2014, nove pacientes com diagnóstico de TCG localmente avançados ou com fratura patológica ao nível do joelho foram submetidos a tratamento cirúrgico. O objetivo deste estudo foi avaliar os resultados decorrentes do tratamento, especialmente com relação à recidiva, e realizar uma revisão da literatura. Houve predominância do sexo masculino (77,7%). A localização mais comum foi o fêmur distal. Quatro pacientes (44%) apresentaram recidiva local no primeiro ano de pós-operatório, sendo três no fêmur distal e um na tíbia proximal. Dos três pacientes que apresentaram fratura patológica no momento do diagnóstico, um deles apresentou recidiva 5 meses após a cirurgia. O tratamento do TCG ainda é um grande desafio. Acreditamos que o melhor método de tratamento para os TCG localmente avançados ao nível do joelho, sob o ponto de vista oncológico, é a ressecção ampla com reconstrução da falha óssea. Os pacientes devem estar cientes e bem orientados quanto às possíveis complicações e aos prejuízos funcionais que podem ocorrer em decorrência do tratamento escolhido e a necessidade de novas intervenções cirúrgicas em médio e longo prazo.

Ocorrência de segundo tumor em pacientes com carcinoma papilífero de tireoide: revisão de 247 casos

Objetivo: verificar a ocorrência de tumores sincrônicos e metacrônicos em pacientes portadores de
carcinoma papilar de tireoide.

Método: uma revisão de 247 casos de pacientes com carcinoma papilar de
tireoide, submetidos à radioiodoterapia no Hospital de Base do Distrito Federal entre 1986 e 2011, foi
realizada com foco na ocorrência de segundo tumor primário. Foram analisadas variáveis como sexo, faixa etária, estadiamento e tempo entre o surgimento dos tumores.

Resultados: todas as pacientes eram do sexo feminino com idade média de 53,4 anos. Em cinco pacientes (2% do global), o tumor de mama foi carcinoma intraductal. Três casos estavam relacionados a tumores sincrônicos e os outros dois, a
metacrônicos. Em um caso, o tumor de mama ocorreu primeiro; nos outros, o de tireoide. O estadiamento inicial foi utilizado como referência em todas as pacientes. A evolução dos casos foi satisfatória no período de acompanhamento.

Conclusão: este levantamento, bem como a literatura atual, mostra que a relação entre câncer de mama e de tireoide é uma ocorrência frequente. Admitimos que esse fato esteja mais relacionado ao genoma tumoral do que a outras causas intercorrentes.

Doença metastática de sítio primário desconhecido com relato de caso

Introdução: o câncer de sítio primário desconhecido (CSPD) representa cerca de 3 a 5% dos
carcinomas. O CSPD é definido pelo diagnóstico anatomopatológico de câncer metastático no qual
anamnese, exame físico, radiografias e tomografias são incapazes de determinar o foco primário da
neoplasia.

Objetivo: relatar um caso de CSPD com evolução atípica e sem o diagnóstico do tumor
primário.

Relato de caso: paciente do sexo masculino, apresentando quadro de oftalmoplegia bilateral,
hipoacusia à direita, associado à linfonodomegalia cervical direita. Foi internado na clínica médica,
submetido a uma tomografia computadorizada do crânio, que evidenciou formação hipercaptante
intrasselar. Como conduta, foi indicado o rastreio do tumor primário, realizadas radiografias de abdome
e tórax e dosagem dos marcadores tumorais, todos os exames com resultados dentro dos padrões da
normalidade. Sem a descoberta do tumor primário, paciente foi encaminhado ao Serviço de Oncologia,
responsivo à terapêutica quimioterápica empírica com Ganzis e CDDP.

Conclusão: os pacientes com CSPD apresentam-se comumente com neoplasias associadas a metástases, fator desfavorável ao prognóstico. Este estudo destaca a importância de um diagnóstico preciso do tumor primário e do uso de todas as ferramentas atualmente disponíveis para que possa ser oferecido aos pacientes o melhor tratamento. Visto que um pequeno subgrupo com CSPD possui um prognóstico favorável, com tratamento específico e sobrevida maior, ressalta-se a importância da detecção e do tratamento precoce. Em virtude da escassez de artigos científicos e pesquisas sobre o tema, este estudo torna-se relevante para que novas possibilidades terapêuticas e diagnósticas sejam utilizadas.

Melanoma de vulva: relato de caso

Introdução: o melanoma vulvar (MV) é um dos tipos raros de tumores malignos de mucosa,
acometendo uma em cada 1.000.000 de mulheres. É o segundo câncer vulvar mais comum, com
incidência após a sexta década de vida. O diagnóstico geralmente ocorre de maneira tardia em virtude
da baixa suspeição clínica e de sintomas inespecíficos. A ressecção cirúrgica é o tratamento mais
indicado atualmente, associada à linfadenectomia radioguiada (pesquisa de linfonodo sentinela).
Relato de caso: descreveu-se o caso de uma paciente de 62 anos de idade, com lesão melanocítica em
vulva, pruriginosa e discrômica, cuja biópsia revelou melanoma vulvar microinvasivo, de subtipo
extensivo superficial. Foi submetida à vulvectomia radical e pesquisa de linfonodo sentinela, com
diagnóstico anatomopatológico de melanoma maligno vulvar de espalhamento superficial.

Conclusão: a raridade da doença e a sintomatologia inespecífica podem explicar o prognóstico ruim da patologia. Nesse cenário, a suspeição clínica e o exame físico minucioso podem contribuir para aumento da sobrevida e cura dessas pacientes.

Qualidade de vida de pacientes em tratamento quimioterápico paliativo no sudoeste do Paraná

RESUMO:

Há muito tempo, o câncer é considerado um problema de saúde pública, principalmente em países em desenvolvimento. Considerando o caráter epidemiológico do câncer nos últimos anos, bem como sua evolução a status de doença crônica, devido ao progresso da terapêutica curativa e paliativa, tornase necessário proporcionar ao paciente doente estratégias para a manutenção e melhora da sua qualidade de vida.

Objetivo: Avaliar a qualidade de vida de pacientes em tratamento quimioterápico paliativo.

Metodologia: Estudo transversal prospectivo com setenta e cinco (75) pacientes de ambos os sexos, em tratamento quimioterápico paliativo que pesquisou a qualidade de vida relatada avaliada pelo EORTC QLQ-C30.

Resultados: A amostra foi predominantemente feminina (72,00%), com pacientes casadas (73,33%), com idade média de 61,09 ±13,10 anos. O câncer de mama mostrou-se o mais frequente (28,01%) em estadiamento acima de 3 (78,66%), além de 72,01% da amostra já apresentar metástases ao diagnóstico. O Score de Saúde Global foi de 68,00%, enquanto 58,67% da amostra apresentava EP- KPS de 80%. A função laboral é a que possui maior influência sobre a capacidade funcional (R=0,515; p=0,000; Beta=-0,515).

Conclusões: Atualmente, a dupla quimioterapia paliativa e tratamentos de suporte prevalecem na escolha do tratamento a cânceres incuráveis. E são nessas prerrogativas que os profissionais precisam entender que o cuidado paliativo é parte do importante suporte que a equipe de saúde deve oferecer ao paciente e à sua família. A implementação de um cuidado paliativo eficiente favorece o alívio dos impactos deletérios que a progressão da doença traz.

Melanocitoma epitelioide pigmentado: relato de caso de acometimento em criança

Introdução: Melanocitoma epitelioide pigmentado (MEP) é um grupo de tumores
derivado de melanócitos que acomete majoritariamente pacientes jovens.
Relato de caso: Menino de cinco anos apresentou lesão melanocítica de
crescimento lento. Realizada biópsia excisional que revelou aspecto histopatológico
de MEP de baixo grau e margens livres. Após três meses de acompanhamento,
ultrassonografia cervical evidenciou presença de imagens nodulares hipoecoicas
bilateralmente. Realizada biópsia de linfonodo sentinela que apresentou resultado
negativo.
Discussão: MEP é constituído por nódulo de coloração enegrecida, bordas
irregulares e superfície rugosa, podendo apresentar dificuldade no diagnóstico.
Conclusão: Exérese cirúrgica da lesão é o tratamento de escolha para MEP. Apesar
de o tumor apresentar baixa incidência de metástases à distância, exames seriados
são necessários para verificar recorrência tumoral.

O que os homens sabem sobre o câncer masculino?

Introdução: As neoplasias urológicas estão entre as mais prevalentes dos homens
brasileiros, sendo que o câncer de próstata é o mais comum com incidência de
29,2%. O domínio da informação pelos pacientes é fundamental para que haja um
diagnóstico precoce e melhore a qualidade tratamento do câncer.
Justificativa e Objetivos: Avaliar conhecimento dos homens brasileiros sobre os
cânceres de próstata, pênis, bexiga e testículo.
Métodos: Estudo descritivo, quantitativo e transversal por meio de um questionário
online e autoaplicável, avaliando 265 participantes do sexo masculino.
Resultados: A maioria dos entrevistados, 56,6%, tinham mais de 45 anos. 64,5%
têm, pelo menos, ensino superior completo. 73,1% disseram conhecer um familiar
ou amigo diagnosticado com câncer urológico, sendo o câncer de próstata, 84%.
Em caso de diagnóstico de câncer, o que os deixaria mais preocupados é o medo
de morrer (55%). 93% sabem que o exame PSA associado ao toque retal são
fundamentais para o diagnóstico precoce. Quanto ao câncer de pênis, 47% não
sabem ou disseram ser falso que o vírus HPV pode ter relação com a doença.
Conclusão: O conhecimento dessa população sobre o câncer masculino é
satisfatório. Porém, ainda há muito o que melhorar, com foco em educação em
saúde e ênfase em medidas preventivas, principalmente em relação aos cânceres de
testículo e pênis.

Avaliação da qualidade de vida dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço

Introdução: O câncer de cabeça e pescoço possui grande impacto na qualidade
de vida dos pacientes. Prejudica funções importantes como respiração, fonação e
deglutição e geralmente estão em local visível.
Conhecer os aspectos mais afetados na qualidade de vida dos paciente auxilia
a escolha do melhor tratamento, a abordagem pré operatória, a otimização da
terapêutica multidisciplinar e aumenta a adesão desse paciente ao seu tratamento
melhorando sua reabilitação e qualidade de vida.
Objetivo: Avaliar a qualidade de vida dos pacientes com carcinoma espinocelular
(CEC) de cabeça e pescoço tratados e em seguimento em serviço de referência.
Casuística e Métodos: Analisados um total de 59 pacientes, sendo 17 com sítio
primário na boca, 32 na laringe, oito na orofaringe e dois com tumor primário oculto.
A qualidade de vida foi avaliada com a utilização dos questionários EORTC C30 e
H&N35.
Resultados: Na avaliação do questionário C30 o domínio emocional e cognitivo foram
os mais prejudicados. O escore global de qualidade de vida foi de 75. Os sítios que
apresentaram menor qualidade de vida foram orofaringe e tumor primário oculto.
Na avaliação dos sintomas pelo H&N35 xerostomia e saliva grossa foram os sintomas
mais frequentes.
Conclusão: O câncer de cabeça e pescoço continua a ser uma doença de alto
impacto na qualidade de vida dos pacientes especialmente no domínio emocional e
no sítio de orofaringe.