Dr. Roberto de Almeida Gil
Dra. Mariana Vargas Gil
- INTRODUÇÃO
A população e os gestores de saúde brasileiros vêm enfrentando a elevação do número de casos de câncer em razão não só do rápido envelhecimento populacional, mas também das modificações de estilo de vida e do aumento às exposições ambientais e ocupacionais que resultam em um maior risco no desenvolvimento da doença¹.
No Brasil, excluídos os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama é o de maior incidência em todas as regiões, com taxas mais elevadas no Sul e Sudeste. É também a principal causa de morte em mulheres brasileiras por câncer, com 17.825 óbitos pela doença por ano, o que equivale a um risco de 16,47 mortes/100.000 mulheres. Apenas na região norte as mortes por câncer de mama são suplantadas pelo câncer de colo de útero².
O movimento Outubro Rosa é sem dúvida a mais bem-sucedida campanha vinculando uma cor simbólica ao trabalho de conscientização da população sobre prevenção e diagnóstico precoce de uma doença neoplásica, com desenvolvimento de ações no Brasil e no mundo na linha de cuidado integral à doença.
Apesar das inúmeras iniciativas realizadas em nosso país no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e da saúde suplementar, ainda convivemos com índices de mortalidade preocupantes e muitas iniquidades.
Dados gerados pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) possibilitam definir prioridades de ações e investimentos. Evoluímos ao longo das décadas no conhecimento biológico desta heterogênea doença. Progredimos no diagnóstico, na sua classificação molecular, tratamento local, sistêmico e de suporte, com grande impacto na abordagem da doença e grande potencial na redução de mortalidade.
A repercussão econômica gerado por esta neoplasia também é imensa. Os custos diretos e indiretos de toda linha de cuidados exigem planejamento estratégico compartilhado entre Estado e sociedade civil organizada, otimizando os recursos para obtenção de resultados mais promissores.
Este artigo expressa a opinião pessoal dos autores. Nele enfocamos brevemente alguns aspectos que consideramos importantes, para contribuir para reflexão dos atores envolvidos no enfrentamento da questão. Um convite ao sinergismo, união e reconstrução.