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The Journal of the Brazilian Society of Cancerology

Revista 51

Caro leitor
É com grande prazer que fi nalizamos mais um número de nossa
revista da Sociedade Brasileira de Cancerologia, trazendo da
lavra de respeitados médicos, professores e pesquisadores, destaques
em trabalhos originais, relato de caso e revisão de literatura,
de forma a permitir ao leitor uma didática análise dos temas
propostos, na busca incansável de uma produção científi ca que
deve ser de qualidade, contínua e desdobrada em seguidores. É a
formação de recursos humanos referindo-se à excelência da pesquisa,
à seriedade da revista e ao impacto que o trabalho produz.
Contamos também com a divulgação do XIX Congresso Brasileiro
de Cancerologia – CONCAN, sob a presidência do Dr.
Pedro Wilson Leitão Lima, a ser realizado no período de 24 à 27
de outubro de 2012, no Centro de Convenções do Ceará, cujo
tema principal será “O Brasil, O Câncer e o Câncer no Brasil”.
Com esta edição, a Sociedade Brasileira de Cancerologia, mais
uma vez, cumpre seu relevante papel institucional em fomentar
a cultura médica e científi ca, permitindo que seus associados e
a comunidade médica em geral tenham acesso a textos da mais
alta qualidade.
Agradeço à Diretoria da SBC, na pessoa de seu presidente, Dr.
Roberto Porto Fonseca e do Conselho Editorial pela oportunidade
de coordenar mais esta edição, cujo resultado somente pode
ser alcançado mercê da inestimável colaboração de todos os autores
e coautores, a quem expresso minha profunda gratidão.
Boa leitura!


Ricardo Antunes
Editor-chefe

Articles

Análise da expressão imunoistoquímica de Ki67 em pacientes portadores de carcinoma epidermoide de esôfago

Apesar do câncer de esôfago configurar entre as dez neoplasias mais frequentes, muitas vezes seu diagnóstico é tardio, resultando em taxas de sobrevida muito baixas. Objetivos: Avaliar em pacientes portadores de carcinoma de esôfago, a frequência dos principais fatores prognósticos; como também o impacto da imunoexpressão do Ki67 nas taxas de sobrevida e sua associação com os fatores clínicos e anatomopatológicos. Metodologia: Análise retrospectiva de 18 casos de câncer epidermoide de esôfago submetidos a tratamento cirúrgico do tumor primário no período de 2005 a 2011. Para considerar a expressão imunoistoquímica de Ki67, utilizamos a mediana como cut-off. Resultados: Disfagia foi o sintoma mais frequente e presente em 10 pacientes (55,6%). Todos os pacientes foram submetidos a esofagectomia transhiatal mediastinal. Em relação à sobrevida global, pacientes portadores de Ki67 hipoexpressão tiveram taxas de sobrevida de 77,2% em dois anos, ao passo que pacientes portadores de hiperexpressão IIQ de Ki67 apresentaram taxas de 33,3% em dois anos (p=0,154). Não houve associação estatisticamente significativa entre a presença de hiperexpressão imunoistoquímica de Ki67 e os principais fatores prognósticos. Conclusão: Predominaram pacientes sintomáticos ao diagnóstico e portadores de Ki67 hipoexpresso, notando-se maiores taxas de sobrevida para os pacientes portadores de Ki- 67 hipoexpresso. Não houve associação entre a imunoexpressão de Ki67 e os principais fatores prognósticos utilizados no câncer de esôfago.

Avaliação do grau de instabilidade das neoplasias malignas vertebrais segundo o escore de instabilidade da coluna vertebral neoplásica

Objetivo: Identificar casos de risco para desenvolver compressão medular por instabilidade, através de um sistema de escore, em pacientes com neoplasias malignas da coluna vertebral. Método: Foram analisados prontuários e exames de imagem de 22 pacientes portadores de neoplasia maligna vertebral. Ao diagnóstico do acometimento vertebral foi aplicado o escore de instabilidade da coluna vertebral neoplásica (EICON) e as vértebras acometidas foram classificadas de acordo com o escore total em estáveis (0 a 6), potencialmente instáveis (7 a12) e instáveis (13 a 18). Foi feito a correlação entre o grau de instabilidade ao diagnóstico da lesão vertebral com as funções neurológicas da medula espinhal 90 dias depois ou por ocasião do óbito. Resultados: Três pacientes apresentavam estabilidade da coluna vertebral e quinze eram potencialmente instáveis. Deste último grupo, um foi tratado com cirurgia e radioterapia e dois, com radioterapia. Dezessete evoluíram sem sequelas neurológicas e um continuou com paraparesia. Nos casos com escore total > 12, os quatro pacientes foram tratados com cirurgia e ou radioterapia, entretanto, 50% evoluíram com lesão neurológica. Dos 18 doentes com escore <12, 5,56% apresentaram défice neurológico posterior. Conclusão: Os doentes classificados como instáveis pelo EICON apresentaram tendência a maior ocorrência de lesão neurológica.

Câncer gástrico: análise de 151 casos submetidos a gastrectomia em um hospital terciário

Objetivo: O presente estudo pretende retratar o perfil epidemiológico, clínico e cirúrgico dos pacientes submetidos à gastrectomia por câncer gástrico, no período de 2005-2008, e comparar com a literatura. Método: É este um estudo descritivo retrospectivo. De um total de 266 pacientes com câncer gástrico foram selecionados 151 casos que foram submetidos a gastrectomia. Os dados foram obtidos através de revisão de prontuários. As variáveis em análise dizem respeito a características socioeconômico-culturais, cirurgia realizada, dados anatomopatológicos, classificação TNM de 2002 e sobrevida. Resultados: A média de cirurgias anual foi de 37,75. O sexo masculino perfaz dois terços do total. A média de idade foi de 59,6 anos. A localização predominante foi o antro com 61,6%. Encontramos uma taxa de operabilidade de 56,7%, a taxa de ressecabilidade foi de 95,3%. O estádio mais frequente foi o III A com 17,9%. A cirurgia mais frequente foi a gastrectomia subtotal com reconstrução do tipo Bilroth II com 55%, a linfadenectomia D2 foi realizada em 76,2% dos casos, estes tiveram uma sobrevida média de 38 meses comparado a 25,9 da linfadenectomia D1. A sobrevida global em dois e cinco anos foi de 63% e 42%, respectivamente e o tempo médio desta foi de 36 meses. Conclusões: O câncer gástrico ainda hoje permanece como um desafio, sendo que o melhor tratamento com intenção curativa é a ressecção cirúrgica com linfadenectomia regional, sendo que a de eleição é a D2 já que mostra benefícios na literatura.

Melanoma maligno de mucosa da região de cabeça e pescoço e de mucosa oral: frequência relativa e estudo de 20 anos no Departamento de Patologia do Hospital de Câncer de Pernambuco

Justificativa: O presente estudo justifica-se pela raridade e agressividade do melanoma maligno mucoso. Objetivo: Verificar a frequência relativa do melanoma maligno de mucosa de cabeça e pescoço e de cavidade oral e suas características clinicopatológicas. Método: Foram selecionados para o estudo 08 casos de melanoma mucoso em cabeça e pescoço. As lâminas foram analisadas quanto aos aspectos histopatológicos que interferem no prognóstico. Resultados: Os 08 casos selecionados representaram um percentual de 0,90% de todos os melanomas encontrados. Observou-se a predominância da lesão na faixa etária entre 51 e 60 anos e entre 71 e 80 anos, com a proporção de 1:1 entre os sexos. Os principais fatores prognósticos foram: morfologia fusiforme, ulceração, espessura de Breslow: 4 a 8,3 mm; nível de invasão de Prasad II e III; nível de Clark IV e V; índice mitótico: 01 a 08; infiltrado linfocitário intratumoral; infiltrado inflamatório peritumoral; satélites microscópicos e linfonodos acometidos. Conclusões: O melanoma maligno mucoso primário de cabeça e pescoço é uma enfermidade pouco. Não se constatou diferença de prevalência entre gêneros. Houve maior ocorrência após a 5ª década de vida. A região anatômica mais acometida foi o lábio superior. Houve maior frequência das características associadas a um pior prognóstico.

Incidência de tromboembolismo venoso em pacientes com neoplasia maligna

A incidência de tromboembolismo venoso (TEV) em pacientes com câncer é maior que na população geral, sendo uma das maiores causa de morte nesses pacientes. Assim, o câncer vem sendo considerado como um fator de risco independente para TEV. Esse risco parece variar de acordo com diversos fatores, como o local do câncer, o tipo histológico e o estágio da doença. Diante disso, neste trabalho foi realizado uma revisão sistemática sobre o tema, apresentando como critério de exclusão estudos em que os pacientes tinham sofrido procedimento cirúrgico < 2 semanas. Para avaliar a qualidade dos artigos foi feita uma avaliação através da escala de Newcastle- -Ottawa para estudos coortes. Foram encontrados 786 artigos, dos quais foram selecionados nove artigos, sendo cinco prospectivos e quatro retrospectivos. A incidência acumulativa de TEV em 1 ano ficou em cerca de 7,0% em pacientes oncológicos nos trabalhos revisados. Pacientes que apresentaram maior risco de desenvolver TEV foram tumores gastrintestinais, estágio avançado, quimioterapia. Verificou-se, ainda, a relação da diminuição da hemoglobina e a elevação de plaquetas e Proteína C-reativa com o TEV, além da Contagem de Células Tumorais ≥ 1. Os resultados mostraram que pacientes com câncer apresentam um risco elevado de desenvolver TEV, demonstrando uma taxa de incidência maior que na população geral. A incidência de TEV deve estar subestimada nos estudos, pois os eventos assintomáticos não foram analisados. O tromboembolismo venoso pode ser um possível indicador de prognóstico ruim já que parece ocorrer mais em estágios avançados da doença. Foi verificado uma associação de quimioterápicos específicos, que deve ser analisada com cuidado, sendo necessária uma melhor investigação sobre essa associação através de novos estudos. As características encontradas neste estudo podem ajudar a avaliar e a direcionar o uso de tromboprofilaxia nos pacientes com neoplasia maligna.

Utilização da oxigenoterapia hiperbárica em osteorradionecrose de mandíbula em pacientes tratados de carcinoma epidermoide de boca: revisão de literatura

Neste estudo buscamos realizar um levantamento da literatura, abrangendo a osteorradionecrose (ORN) decorrente do tratamento oncológico para o carcinoma epidermoide de boca, com a utilização da oxigenoterapia hiperbárica (OTH) e descrever seus efeitos adversos, indicações e contraindicações nos pacientes com ORN de mandíbula e com isso difundir o conhecimento aos cirurgiões dentistas sobre as possibilidades do uso da OTH nesses pacientes. A ORN é um dos efeitos tardios mais sérios e indesejáveis que podem ocorrer e atinge com grande frequência o osso da mandíbula. Assim, para poder conter ou mesmo estabilizar, nesses casos, os efeitos adversos da ORN, uma das evidências mais interessantes foi a descoberta da OTH. A revisão de literatura permite dividir em quatro as apresentações clínicas fundamentais para o tratamento da ORN de mandíbula: O primeiro grupo refere-se à OTH pré-operatória; o segundo grupo ao emprego de OTH pós-operatória; o terceiro grupo à não realização de cirurgia para ressecção da ORN e uso exclusivo da terapêutica com OTH e o quarto grupo em que não é indicada cirurgia e nem tratamento com OTH. Este estudo revelou a necessidade de desenvolvimento de mais pesquisas e ensaios clínicos sobre o câncer de boca e a OTH. Todavia, pretendemos com este trabalho contribuir para o melhor entendimento dos cirurgiões dentistas e médicos sobre as possibilidades de usos da OTH em pacientes com ORN de mandíbula e portadores do carcinoma epidermoide de boca, em cada um dos grupos mencionados.

Carcinoma de células de Merkel. Relato de 2 casos e revisão da literatura

O carcinoma de células de Merkel (CCM) é uma neoplasia cutânea rara, agressiva. que apresenta alta taxa de recorrência local e comprometimento linfonodal bem como metastases à distância. É mais comum em caucasianos do sexo masculino. Têm relação com imunodeficiência, exposição solar e infeção viral (merkel poliomavirus vírus). A grande maioria dos casos se dá em face e membros superiores (27%/22% respectivamente). O tratamento primário é cirúrgico com excisão ampla e margens negativas, o que devido à localização e a extensão da doença pode ser desafiadora. O tratamento dos gânglios linfáticos permanece em discussão sendo encorajado o uso do linfonodo sentinela (LS). A radioterapia pode ser útil para aumento do controle local. A quimioterapia tem atividade clínica em pacientes metastáticos, porém ainda sem uma clara indicação no cenário adjuvante. Não há na literatura séries de casos do uso de RT/QT neoadjuvante somente relatos de casos. Esse trabalho tem com objetivo o relato de 2 casos distintos e revisão da literatura.