The Journal of the Brazilian Society of Cancerology

Tumores benignos e lesões pseudotumorais dos tecidos moles dos membros superiores

Tumores benignos e lesões pseudotumorais dos tecidos moles geralmente se apresentam como nódulos indolores; menos comumente, podem se associar à dor ou outros sintomas, secundários à compressão de estruturas vizinhas. Estas lesões são aproximadamente 20 vezes mais comuns que as lesões ósseas.1

Os tecidos moles das extremidades surgem a partir do mesênquima, que se dife- rencia durante o desenvolvimento para se tornar gordura, músculo esquelético, ner- vos periféricos, vasos sanguíneos e tecido fibroso.2 Os tumores de tecidos moles são histologicamente classificados com base no componente de tecidos moles que com- preende a lesão, mas isso não implica que o tumor surja desse tecido;3 como exemplo, lipomas contêm células que produzem gordura; entretanto, não

necessariamente surgem a partir das células de gordura.3

A avaliação destas lesões inicia com a coleta da história clínica e do exame físico. Informações sobre idade, trauma recente, tamanho do tumor, histórico de câncer e síndromes familiares, além do exame físico, podem ajudar na caracterização da lesão.3

Ao exame físico, é útil determinar se o tumor é móvel ou aderido – em geral, tumo- res móveis sugerem benignidade, enquanto massas aderidas a tecidos circundantes são sugestivas de malignidade.3.4 Alterações na pele, como equimose relacionada a trauma ou alterações inflamatórias devidas à celulite ou abscesso podem auxiliar no estabelecimento adequado do diagnóstico diferencial.3 Alterações no tamanho do tumor podem ajudar no diagnóstico; embora crescimento rápido sugira malig- nidade, um tumor benigno pode crescer rapidamente devido à hemorragia.3,5 É improvável que a diminuição no tamanho da lesão ocorra em um tumor maligno não tratado, a menos que haja hematoma associado que se encontra em resolução.3,5 A variação no tamanho da le- são pode ser observada nos cistos sinoviais ou hemangiomas, que podem se encher de fluido ou sangue, respectivamente.
Se forem observadas lesões múltiplas, podem ser consideradas certas síndromes, incluindo neurofibromatose tipo 1 e lipomas múltiplos hereditários.

Exames de imagem são frequentemente necessários na avaliação dos tumores de partes moles situados nas extremidades,3 com o objetivo principal de confir- mar a presença de um tumor e avaliar sua extensão, no planejamento de possível tratamento.3 Informações clínicas e de imagem características podem ajudar a reduzir o diagnóstico diferencial.

Embora a utilidade do exame radiográfico conven- cional na avaliação de tumores de tecidos moles seja limitada, esta metodologia proporciona importantes in- formações sobre estas lesões.3 Radiografias são úteis na avaliação de distorções nos planos teciduais,3,9 presença de áreas radiotransparentes (lesões ricas em gordura),3,9 presença e padrão de calcificação1 ou ossificação3,9 nos tecidos moles, bem como alterações ósseas sutis1 ou agressivas3,9 devidas à remodelação óssea. Se há flebo- litos, deve-se considerar a presença de hemangioma.3,9 A remodelação óssea em resposta a alterações no fluxo vascular local também pode estar presente. Se há cal- cificações intrarticulares, deve-se considerar a possibili- dade de osteocondromatose sinovial.3,10 As radiografias constituem ainda importante adjunto na avaliação de tumores de tecidos moles pela RM e, se não obtidas an- tes deste exame, podem ser realizadas posteriormente, para avaliar a mineralização e alterações ósseas.3

O ultrassom é um método econômico e preciso de triagem e estratificação de risco dos tumores de tecidos moles, especialmente na extremidade superior, onde se sabe que a grande maioria é benigna (>99%), relativa- mente superficial e acessível.1 Vários tumores possuem aspecto patognomônico ao ultrassom (lipomas, cis- tos gangliônicos e hematomas/seromas crônicos).1 No membro superior, a maioria das lesões é superficial e a vascularização muitas vezes pode ser determinada com precisão através desta metodologia.1

A ressonância magnética (RM) é adequada na ava- liação de tumores de tecidos moles devido à capacida- de superior de contraste e por auxiliar na avaliação dos planos superficiais e profundos sobre grandes e pe- quenos campos de visão.3,11-17 Esta metodologia facilita o estadiamento do tumor, a detecção de envolvimento neurovascular, a identificação de necrose tumoral e o

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