Histórico de estudos clínicos do Centro de pesquisa do Hospital Erasto Gaertner
A oncologia é uma das áreas da medicina mais promissora para pesquisadores e para indústrias
farmacêuticas que buscam medicamentos cada vez mais específicos para promover a cura e melhorar a
expectativa de vida dos pacientes oncológicos. Este estudo foi realizado no Centro de Pesquisa do Hospital
Erasto Gaertner com o objetivo de caracterizá-lo e verificar sua contribuição no cenário terapêutico
atual. Foi realizado um levantamento do status atual de cada estudo clínico, das equipes que o conduziram,
patologia mais frequente, número de pacientes tratados, média de centros por estudo e número
de propostas recebidas. Foram avaliados também quais estudos tiveram seus produtos em investigação
aprovados para comercialização. Em seus dez anos de história, o CPHEG conduziu 85 estudos.
Desses, 28 estão em atividade, e a patologia mais tratada foi o câncer de mama. As equipes de cada
estudo são compostas em média por 16 integrantes dentre investigadores, coordenadoras e estagiários.
Até o momento 263 pacientes assinaram o termo de consentimento livre esclarecido e 182 receberam os
tratamentos propostos. O centro participou diretamente da aprovação de cinco medicamentos utilizados
em oncologia, mostrando a sua participação nas tendências terapêuticas atuais.
Biópsia guiada por FDG-PET/CT em pacientes oncológicos é um procedimento seguro e de alta acurácia
Objetivo: Achados positivos de FDG-PET/CT devem ser confirmados por biópsia sempre que possível quando implicarem em instituição da terapia oncológica. Nesse estudo avaliamos a viabilidade, segurança e eficácia da biópsia percutânea guiada por FDG-PET/ CT para confirmação histológica de lesões de FDG-PET/CT positivas. Métodos: Avaliamos prospectivamente 17 pacientes submetidos a 18 biópsias guiada por FDG-PET/CT. Foram avaliados a viabilidade técnica e taxas de sucesso clínico da biópsia guiada por FDG-PET/CT. Resultados: Pacientes portadores de linfoma, melanoma, câncer de mama, colon, de pulmão não-pequenas células e primário de origem oculta com lesões suspeitas à FDG-PET/CT foram admitidos para a biópsia guiada por FDG-PET/CT. Obtivemos sucesso na aquisição de amostras de tecido representativas em todos os pacientes. Não houve complicações ou efeitos adversos. Foi obtida confirmação histológica de câncer em 14/18 lesões e em 4/18 o anátomopatológico demonstrou necrose e células inflamatórias. Estes quatro pacientes não apresentaram recidiva de doença no período de acompanhamento médio de seis meses. Conclusão: A biópsia guiada FDG-PET/CT é um procedimento viável e seguro, podendo resultar na otimização dos recursos diagnósticos.
Além disso, lesões metabólicas FDG-PET/CT-positivas sem correlação com alterações anatômicas podem ser confirmadas por intervenções percutâneas.
Prostatectomia radical robô-assistida: técnica cirúrgica contemporânea
Objetivo: apresentar a técnica cirúrgica da prostatectomia radical robô-assistida passo-a-
-passo de forma detalhada. Métodos: a prostatectomia radical laparoscópica assistida por
robô ganhou grande aceitação de urologistas de todo o mundo nos últimos anos. Em nosso meio,
esta tecnologia foi implementada em Maio de 2008, seguindo as diretrizes de centros de grande
volume cirúrgico nos Estados Unidos, tendo-se observado um grande aumento no número de indicações
recentemente. Resultados: desde Maio de 2008 mais de 260 prostatectomias radicais
robóticas foram realizadas em nossa instituição. Os aspectos técnicos da prostatectomia radical
robô-assistida estão detalhados de maneira passo-a-passo, juntamente com representação gráfica
dos pontos-chave do procedimento. Conclusão: os detalhes técnicos da prostatectomia radical
robótica descritos permitem o claro entendimento e visualização pormenorizada de cada passo
operatório através da utilização de figuras ilustrativas.
Randomized, prospective study comparing the diagnostic accuracy of open biopsy with percutaneous core needle biopsy without image guidance for bone lesions
Justificativa e Objetivo: a biópsia é peça fundamental no manejo de tumores ósseos. Já se
demonstrou isoladamente a acurácia de diferentes métodos de biópsia óssea, mas poucos estudos
compararam diretamente os métodos. O objetivo deste trabalho é comparar a acurácia e segurança entre
biópsias ósseas percutâneas e convencionais (abertas) sem o uso de métodos de imagem em tempo real.
Avaliamos também a acurácia da suspeita clínica pré-biópsia. Método: durante 8 meses, 40 pacientes
com suspeita de tumores ósseos e elegíveis para ambos os métodos foram prospectivamente randomizados
para serem submetidos a biópsias ósseas abertas ou percutâneas na proporção de 1:1. Os resultados
foram avaliados segundo acurácia do método, sensibilidade, especificidade, complicações e necessidade
de re-biópsia para definição de conduta. Foi também comparada a suspeita clínica pré-biópsia com
o laudo patológico final. Resultados: média de idade 43 anos. Cinco tumores incidentais e 35
sintomáticos. Apenas 3 biópsias inconclusivas, uma no grupo percutânea e duas no grupo aberta. Uma
única complicação grau I (sangramento) no grupo percutâneo. Em 58% dos casos o cirurgião acertou
o diagnóstico pré-biópsia. Conclusões: em nosso meio, para pacientes selecionados, a utilização de
biópsia óssea percutânea ou aberta tem igual acurácia e índice de complicações.
Manejo terapêutico curativo do carcinoma de vesícula biliar: revisão da literatura
Carcinoma da vesícula biliar (CVB) é uma doença relativamente rara com alta frequência de doença avançada irressecável na apresentação inicial, visão niilista da sobrevida mesmo apos ressecção cirúrgica radical e concomitantemente falta de terapêutica efetiva adjuvante consolidada o que tem contribuído para ausência de tratamento padronizado. Esta neoplasia apresenta comportamento agressivo e uma ampla gama de mecanismos de disseminação precoce por invasão linfática, hematogênica, peritonial e vásculo-neural. Macroscopicamente, CVB se dissemina pelo leito hepático ou para hilo através da cápsula de Glisson. Invasão direta do fígado e dada pela proximidade das veias que drenam a fossa vesicular junto ao segmento IV (para a veia hepática média) ou veias que acompanham os ductos extra-hepáticos junto ao fígado. Disseminação linfática ocorre precocemente através dos linfonodos peri-hilares, posteriormente ao longo da artéria hepática comum e finalmente disseminação para os linfonodos para-aórticos. Metástases hematogênicas ocorrem mais frequentemente para fígado e pulmões. Disseminação peritonial é muito comum principalmente nos casos avançados e pode envolver fígado, ductos biliares, duodeno, pâncreas, cólon ou estômago e não raramente pode se manifestar como carcinomatose disseminada. Disseminação vásculo-neural ocorre ao longo do ligamento hepatoduodenal. Os sintomas mais comuns são dor abdominal, cólica biliar, vômitos, perda de peso e icterícia tanto por invasão direta como por compressão por acometimento linfonodal da via biliar. Em virtude da raridade do CVB, em muitos doentes existe a presunção de doença benigna e consequentemente seguem operações que podem violar os planos do tumor complicando futuras intenções de uma ressecção oncológica. Além disso, a visão niilista dos cirurgiões evita que em muitos casos sejam oferecidas cirurgias mais radicais objetivando ressecção R0. Para estadios iniciais (Tis or T1), colecistectomia simples permanece sendo o suficiente. Para estádios mais avançados como T2 ou T3 algum tipo de hepatectomia parece ser mais adequadamente indicado. Para estadio T4, alguns poucos autores têm raramente indicado em casos ultrasselecionados ressecção multivisceral. No entanto, somente ressecções radicais podem oferecer a cura, haja vista baixos índices de resposta ao tratamento sistêmico e curta sobrevida. O presente artigo descreve o estado da arte do tratamento curativo do CVB.
Tumor neuroendócrino de pâncreas (glucagonoma) em paciente jovem assintomática: revisão de literatura e relato de caso
Os tumores de pâncreas podem ser classificados em endócrinos, geralmente de caráter benigno e
exócrinos, como o adenocarcinoma ductal, em sua quase totalidade malignos. Entre os neuroendócrinos
se encontra o glucagonoma, tumor que acomete pacientes de idade avançada e geralmente
possui mais de 5 cm de tamanho, causando uma síndrome característica (diabetes mellitus, eritema
necrolítico migratório, queilite angular, estomatite, anemia normocítica normocrômica). Uma
paciente de 22 anos, procurou atendimento médico para investigação de uma possível infecção
urinária. Ao realizar ecografia abdominal total foi encontrada acidentalmente uma massa hiperecogênica
entre rim esquerdo e baço, posteriormente confirmada pela tomografia computadorizada
e ressonância magnética como sendo em cauda de pâncreas. Foi realizada laparotomia com
pancreatectomia distal e retirada de peça cirúrgica de aproximadamente 5 cm, posteriormente
enviada para Imunohistoquímica, que mostrou baixa positividade para glucagon. O caso atenta
para a apresentação atípica do tumor em questão e a resolubilidade do caso quando detectado
precocemente, com a paciente ainda assintomática e sem dissemiação da doença.
Sarcoma granulocítico na gravidez: relato de caso
Sarcoma granulocítico é um tumor localizado, composto de células imaturas da série granulocitica,
podendo ocorrer em qualquer parte do corpo, visto infrequentemente em pacientes
com leucemia mieloide aguda e raramente visto sem leucemia. Relatamos um caso em que a
manifestação foi em couro cabeludo de paciente no inicio do segundo trimestre de gestação,
sem sinais de leucemia. Discutimos a maior dificuldade na condução do tratamento nesta
condição e consequentemente pior prognóstico.
Efeito do licopeno na proliferação, ciclo celular e apoptose em linhagem celular de adenocarcinoma de mama humano
O câncer de mama é uma doença complexa causada por um acúmulo progressivo de mutações
genéticas múltiplas, combinada a outros fatores. Uma ampla gama de compostos bioativos é
evidenciada como sendo a responsável pelos efeitos benéficos na saúde humana, sendo o consumo
do licopeno associado ao menor risco de desenvolvimento de câncer. O objetivo do trabalho foi
avaliar a influência do licopeno sobre a proliferação, ciclo celular e apoptose da linhagem MCF-
7 de adenocarcinoma de mama humano. As células MCF-7 foram cultivadas com DMEM,
suplementado com 10% de soro fetal bovino sob atmosfera com 5% de CO2 a 37ºC, e incubadas
com diferentes concentrações de licopeno (0,25-10μM) por períodos de 48 e 96 horas. Para
análise da proliferação celular foi utilizado o método do MTT. A análise por citometria de fluxo
foi utilizada para avaliar a distribuição das fases de ciclo celular e a apoptose. Os resultados
mostraram que o licopeno diminuiu a proliferação celular da linhagem MCF-7 após 96 horas
de tratamento, com aumento de células na fase G1 e diminuição na fase G2/M, promovendo
um aumento no processo de apoptose. Diante deste contexto, a quimioprevenção através da ação
do licopeno emerge como um importante instrumento na prevenção e controle do câncer de mama.
A cirurgia do idoso com câncer: riscos e variáveis prognósticas
A indicação cirúrgica para os idosos tem aumentado em muito, nos últimos tempos, em paralelo
aos avanços da medicina. Entretanto, os indivíduos idosos submetidos a cirurgias eletivas ou de
emergência apresentam, em média, uma alta taxa de morbimortalidade. Ao lado de uma elevada
incidência de câncer, há um esperado declínio das suas reservas funcionais e a perda da capacidade
de manter a homeostasia. Os cirurgiões e outros profissionais da saúde devem se familiarizar
com as alterações fisiológicas próprias da idade, no sentido de evitarem a iatrogenia.
Estudo Power Doppler das lesões mamárias
Objetivo: avaliar o papel do Power Doppler no estudo das lesões mamárias através da análise
de parâmetros objetivos como sinais de fluxo, velocidade máxima sistólica (Vmax), índice de
resistência (RI) e índice de pulsatilidade (PI). Sujeitos e Métodos: estudo foi realizado no
Setor de Diagnóstico e Imagem do Centro de Avaliação em Mastologia (CAM) do Departamento
de Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia da Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP, de
dezembro de 2004 a dezembro de 2007. Este estudo é retrospectivo, analítico e observacional.
Resultados: Foram estudadas 613 lesões mamárias, avaliadas por Power Doppler e citologia
aspirativa ou biópsia percutânea. Pelo estudo, 462 lesões não apresentaram vascularização: 340
benignas (26,41%) e 122 malignas (73,59%). Observou-se vascularização em 151 lesões:
98 malignas (64,90%) e 53 benignas (35,10%). As benignas apresentaram média de 1,79
vasos por lesão; Vmax de 15,86cm/s; IP de 0,99 e IR de 0,61. Já as malignas com fluxo
Doppler, observou-se média de 5,6 vasos por lesão; Vmax de 21,0cm/s; IP de 1,45 e IR de
0,74. Pela curva ROC, para predizer malignidade, observou-se sensibilidade e especificidade
respectivos de 64,3% e 73,6% para 1,5 vasos por lesão; 61,3% e 56,6% para Vmax de
16,50 cm/s ; 72,8% e 66,7% para IP de 1,08 e 70,6% e 68,0% para IR de 0,66.
Conclusão:
o estudo Power Doppler das lesões mamárias consegue determinar limites que
auxiliam na diferenciação entre lesões benignas e malignas.