Leiomiossarcoma primário de testículo: relato de caso e revisão de literatura
O leiomiossarcoma testicular primário é uma neoplasia maligna com incidência extremamente baixa.
Os autores relatam um caso de um paciente de 73 anos de idade, que refere trauma prévio e posterior
percepção de nódulo de testículo direito, sendo submetido à orquiectomia unilateral. O estudo histopatológico revelou leiomiossarcoma de testículo confirmado por análise imuno-histoquímica. Os autores descrevem o tratamento proposto ao paciente do caso relatado, opções de tratamentos quimioterápicos que existem para doença avançada, prognóstico e seguimento do paciente.
Tumor de células gigantes localmente avançado ao nível do joelho: tratamento e revisão da literatura
Tumor de células gigantes (TCG) é um tumor ósseo benigno com características agressivas. São mais
prevalentes na terceira e quarta décadas de vida e localizam-se preferencialmente na região epifisária dos
ossos longos. Apresentam altas taxas de recorrência local, a qual depende do tipo de tratamento e da
apresentação inicial do tumor. O risco de disseminação sistêmica (metástases pulmonares) é de aproximadamente 3%. Entre outubro de 2010 e agosto de 2014, nove pacientes com diagnóstico de TCG localmente avançados ou com fratura patológica ao nível do joelho foram submetidos a tratamento cirúrgico. O objetivo deste estudo foi avaliar os resultados decorrentes do tratamento, especialmente com relação à recidiva, e realizar uma revisão da literatura. Houve predominância do sexo masculino (77,7%). A localização mais comum foi o fêmur distal. Quatro pacientes (44%) apresentaram recidiva local no primeiro ano de pós-operatório, sendo três no fêmur distal e um na tíbia proximal. Dos três pacientes que apresentaram fratura patológica no momento do diagnóstico, um deles apresentou recidiva 5 meses após a cirurgia. O tratamento do TCG ainda é um grande desafio. Acreditamos que o melhor método de tratamento para os TCG localmente avançados ao nível do joelho, sob o ponto de vista oncológico, é a ressecção ampla com reconstrução da falha óssea. Os pacientes devem estar cientes e bem orientados quanto às possíveis complicações e aos prejuízos funcionais que podem ocorrer em decorrência do tratamento escolhido e a necessidade de novas intervenções cirúrgicas em médio e longo prazo.
Ocorrência de segundo tumor em pacientes com carcinoma papilífero de tireoide: revisão de 247 casos
Objetivo: verificar a ocorrência de tumores sincrônicos e metacrônicos em pacientes portadores de
carcinoma papilar de tireoide.
Método: uma revisão de 247 casos de pacientes com carcinoma papilar de
tireoide, submetidos à radioiodoterapia no Hospital de Base do Distrito Federal entre 1986 e 2011, foi
realizada com foco na ocorrência de segundo tumor primário. Foram analisadas variáveis como sexo, faixa etária, estadiamento e tempo entre o surgimento dos tumores.
Resultados: todas as pacientes eram do sexo feminino com idade média de 53,4 anos. Em cinco pacientes (2% do global), o tumor de mama foi carcinoma intraductal. Três casos estavam relacionados a tumores sincrônicos e os outros dois, a
metacrônicos. Em um caso, o tumor de mama ocorreu primeiro; nos outros, o de tireoide. O estadiamento inicial foi utilizado como referência em todas as pacientes. A evolução dos casos foi satisfatória no período de acompanhamento.
Conclusão: este levantamento, bem como a literatura atual, mostra que a relação entre câncer de mama e de tireoide é uma ocorrência frequente. Admitimos que esse fato esteja mais relacionado ao genoma tumoral do que a outras causas intercorrentes.
Doença metastática de sítio primário desconhecido com relato de caso
Introdução: o câncer de sítio primário desconhecido (CSPD) representa cerca de 3 a 5% dos
carcinomas. O CSPD é definido pelo diagnóstico anatomopatológico de câncer metastático no qual
anamnese, exame físico, radiografias e tomografias são incapazes de determinar o foco primário da
neoplasia.
Objetivo: relatar um caso de CSPD com evolução atípica e sem o diagnóstico do tumor
primário.
Relato de caso: paciente do sexo masculino, apresentando quadro de oftalmoplegia bilateral,
hipoacusia à direita, associado à linfonodomegalia cervical direita. Foi internado na clínica médica,
submetido a uma tomografia computadorizada do crânio, que evidenciou formação hipercaptante
intrasselar. Como conduta, foi indicado o rastreio do tumor primário, realizadas radiografias de abdome
e tórax e dosagem dos marcadores tumorais, todos os exames com resultados dentro dos padrões da
normalidade. Sem a descoberta do tumor primário, paciente foi encaminhado ao Serviço de Oncologia,
responsivo à terapêutica quimioterápica empírica com Ganzis e CDDP.
Conclusão: os pacientes com CSPD apresentam-se comumente com neoplasias associadas a metástases, fator desfavorável ao prognóstico. Este estudo destaca a importância de um diagnóstico preciso do tumor primário e do uso de todas as ferramentas atualmente disponíveis para que possa ser oferecido aos pacientes o melhor tratamento. Visto que um pequeno subgrupo com CSPD possui um prognóstico favorável, com tratamento específico e sobrevida maior, ressalta-se a importância da detecção e do tratamento precoce. Em virtude da escassez de artigos científicos e pesquisas sobre o tema, este estudo torna-se relevante para que novas possibilidades terapêuticas e diagnósticas sejam utilizadas.
Melanoma de vulva: relato de caso
Introdução: o melanoma vulvar (MV) é um dos tipos raros de tumores malignos de mucosa,
acometendo uma em cada 1.000.000 de mulheres. É o segundo câncer vulvar mais comum, com
incidência após a sexta década de vida. O diagnóstico geralmente ocorre de maneira tardia em virtude
da baixa suspeição clínica e de sintomas inespecíficos. A ressecção cirúrgica é o tratamento mais
indicado atualmente, associada à linfadenectomia radioguiada (pesquisa de linfonodo sentinela).
Relato de caso: descreveu-se o caso de uma paciente de 62 anos de idade, com lesão melanocítica em
vulva, pruriginosa e discrômica, cuja biópsia revelou melanoma vulvar microinvasivo, de subtipo
extensivo superficial. Foi submetida à vulvectomia radical e pesquisa de linfonodo sentinela, com
diagnóstico anatomopatológico de melanoma maligno vulvar de espalhamento superficial.
Conclusão: a raridade da doença e a sintomatologia inespecífica podem explicar o prognóstico ruim da patologia. Nesse cenário, a suspeição clínica e o exame físico minucioso podem contribuir para aumento da sobrevida e cura dessas pacientes.
Qualidade de vida de pacientes em tratamento quimioterápico paliativo no sudoeste do Paraná
RESUMO:
Há muito tempo, o câncer é considerado um problema de saúde pública, principalmente em países em desenvolvimento. Considerando o caráter epidemiológico do câncer nos últimos anos, bem como sua evolução a status de doença crônica, devido ao progresso da terapêutica curativa e paliativa, tornase necessário proporcionar ao paciente doente estratégias para a manutenção e melhora da sua qualidade de vida.
Objetivo: Avaliar a qualidade de vida de pacientes em tratamento quimioterápico paliativo.
Metodologia: Estudo transversal prospectivo com setenta e cinco (75) pacientes de ambos os sexos, em tratamento quimioterápico paliativo que pesquisou a qualidade de vida relatada avaliada pelo EORTC QLQ-C30.
Resultados: A amostra foi predominantemente feminina (72,00%), com pacientes casadas (73,33%), com idade média de 61,09 ±13,10 anos. O câncer de mama mostrou-se o mais frequente (28,01%) em estadiamento acima de 3 (78,66%), além de 72,01% da amostra já apresentar metástases ao diagnóstico. O Score de Saúde Global foi de 68,00%, enquanto 58,67% da amostra apresentava EP- KPS de 80%. A função laboral é a que possui maior influência sobre a capacidade funcional (R=0,515; p=0,000; Beta=-0,515).
Conclusões: Atualmente, a dupla quimioterapia paliativa e tratamentos de suporte prevalecem na escolha do tratamento a cânceres incuráveis. E são nessas prerrogativas que os profissionais precisam entender que o cuidado paliativo é parte do importante suporte que a equipe de saúde deve oferecer ao paciente e à sua família. A implementação de um cuidado paliativo eficiente favorece o alívio dos impactos deletérios que a progressão da doença traz.
Melanocitoma epitelioide pigmentado: relato de caso de acometimento em criança
Introdução: Melanocitoma epitelioide pigmentado (MEP) é um grupo de tumores
derivado de melanócitos que acomete majoritariamente pacientes jovens.
Relato de caso: Menino de cinco anos apresentou lesão melanocítica de
crescimento lento. Realizada biópsia excisional que revelou aspecto histopatológico
de MEP de baixo grau e margens livres. Após três meses de acompanhamento,
ultrassonografia cervical evidenciou presença de imagens nodulares hipoecoicas
bilateralmente. Realizada biópsia de linfonodo sentinela que apresentou resultado
negativo.
Discussão: MEP é constituído por nódulo de coloração enegrecida, bordas
irregulares e superfície rugosa, podendo apresentar dificuldade no diagnóstico.
Conclusão: Exérese cirúrgica da lesão é o tratamento de escolha para MEP. Apesar
de o tumor apresentar baixa incidência de metástases à distância, exames seriados
são necessários para verificar recorrência tumoral.
O que os homens sabem sobre o câncer masculino?
Introdução: As neoplasias urológicas estão entre as mais prevalentes dos homens
brasileiros, sendo que o câncer de próstata é o mais comum com incidência de
29,2%. O domínio da informação pelos pacientes é fundamental para que haja um
diagnóstico precoce e melhore a qualidade tratamento do câncer.
Justificativa e Objetivos: Avaliar conhecimento dos homens brasileiros sobre os
cânceres de próstata, pênis, bexiga e testículo.
Métodos: Estudo descritivo, quantitativo e transversal por meio de um questionário
online e autoaplicável, avaliando 265 participantes do sexo masculino.
Resultados: A maioria dos entrevistados, 56,6%, tinham mais de 45 anos. 64,5%
têm, pelo menos, ensino superior completo. 73,1% disseram conhecer um familiar
ou amigo diagnosticado com câncer urológico, sendo o câncer de próstata, 84%.
Em caso de diagnóstico de câncer, o que os deixaria mais preocupados é o medo
de morrer (55%). 93% sabem que o exame PSA associado ao toque retal são
fundamentais para o diagnóstico precoce. Quanto ao câncer de pênis, 47% não
sabem ou disseram ser falso que o vírus HPV pode ter relação com a doença.
Conclusão: O conhecimento dessa população sobre o câncer masculino é
satisfatório. Porém, ainda há muito o que melhorar, com foco em educação em
saúde e ênfase em medidas preventivas, principalmente em relação aos cânceres de
testículo e pênis.
Avaliação da qualidade de vida dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço
Introdução: O câncer de cabeça e pescoço possui grande impacto na qualidade
de vida dos pacientes. Prejudica funções importantes como respiração, fonação e
deglutição e geralmente estão em local visível.
Conhecer os aspectos mais afetados na qualidade de vida dos paciente auxilia
a escolha do melhor tratamento, a abordagem pré operatória, a otimização da
terapêutica multidisciplinar e aumenta a adesão desse paciente ao seu tratamento
melhorando sua reabilitação e qualidade de vida.
Objetivo: Avaliar a qualidade de vida dos pacientes com carcinoma espinocelular
(CEC) de cabeça e pescoço tratados e em seguimento em serviço de referência.
Casuística e Métodos: Analisados um total de 59 pacientes, sendo 17 com sítio
primário na boca, 32 na laringe, oito na orofaringe e dois com tumor primário oculto.
A qualidade de vida foi avaliada com a utilização dos questionários EORTC C30 e
H&N35.
Resultados: Na avaliação do questionário C30 o domínio emocional e cognitivo foram
os mais prejudicados. O escore global de qualidade de vida foi de 75. Os sítios que
apresentaram menor qualidade de vida foram orofaringe e tumor primário oculto.
Na avaliação dos sintomas pelo H&N35 xerostomia e saliva grossa foram os sintomas
mais frequentes.
Conclusão: O câncer de cabeça e pescoço continua a ser uma doença de alto
impacto na qualidade de vida dos pacientes especialmente no domínio emocional e
no sítio de orofaringe.
Reavaliação dos índices de captação da tireoide com radioiodo-131 em Brasília
Objetivo: Avaliar os índices de captação tireoidiana de radioiodo-131 na região de
Brasília e compará-los à série histórica.
Material e Métodos: Foram estudados retrospectivamente 42 pacientes, 37 do sexo
feminino e 5 do masculino, com idade média=33,2±14,7 anos (variando de 3 a 65
anos), atendidos no ambulatório de Endocrinologia do Hospital de Base na década de 1990.
O teste de captação foi determinado 24h após administração oral de 0,37 MBq
(10 μCi) de iodeto de sódio- 131I. A glândula tireoide foi aferida pelo exame clínico e
dosagens séricas por radioimunoensaio de: T3 (normal de 80-200 ng/dL), T4 (normal
de 4,5-12,5 μcg/dL) e TSH (normal de 0,5-5,0 μUI/mL). A análise estatística empregou
o qui-quadrado (p>0,05).
Resultados: A captação em 24h resultou 22,2±6,5% (variação entre 9,3 e 35,1%);
T3=132,22±32,01ng/dL (variação entre 80-200ng/dL); T4=8,07±1,54μcg/dL (variação
entre 5,4-11,50μcg/dL); TSH=1.87±1.07μUI/mL (variação entre 0,7 -4,0μUI/mL). O
índice de captação normal do radioiodo-131 adotado em Brasília para 24h, na década
de 1960, variava entre 20% e 76%. A iodação obrigatória por legislação no sal de
cozinha, mais rigorosa nas décadas seguintes, pode estar relacionada à diminuição
dos valores de captação tireoidiana do radioiodo.
Conclusão: A faixa de variação normal da captação do 131I em 24h situou-se entre
9-35%. Esses valores são menores que a série histórica, provavelmente refletindo a
maior oferta de iodo na alimentação do Distrito Federal. Mostram importância no
tratamento de hipertireoidismo e câncer diferenciado da tiróideo.