The Journal of the Brazilian Society of Cancerology

Associação de carcinoma papilífero e hipertireoidismo em uma série de 182 casos

Objetivo: avaliar a ocorrência de carcinoma papilífero da tireoide associado ao hipertireoidismo. Métodos: cento e oitenta e dois prontuários de pacientes previamente submetidos à tireoidectomia
total no Hospital de Base do Distrito Federal, em Brasília, DF, por carcinoma papilífero da tireoide
foram avaliados retrospectivamente sobre a existência de hipertireoidismo associado. Todos os nódulos
detectados foram submetidos à punção aspirativa por agulha fina (PAAF) guiada por ultrassonografia.
Os pacientes com diagnóstico ou suspeita de malignidade pela PAAF foram submetidos à tireoidectomia.
A análise anatomopatológica confirmou a malignidade em todos eles. Os pacientes receberam
tratamento complementar com radioiodo e suplementação hormonal tireoidiana a seguir. Nenhum
deles apresentava metástase a distância ao diagnóstico. Os pacientes foram acompanhados por 10 anos
no mesmo serviço sem apresentar recidiva da doença.

Resultados: o hipertireoidismo foi encontrado em nove pacientes (4,9%). Três deles apresentavam doença de Graves nodular (síndrome de Marine-Lenhart), dois tinham bócio multinodular tóxico (BMNT) e os outros quatro apresentavam bócio uninodular tóxico (doença de Plummer).

Conclusão: a ocorrência de carcinoma papilífero associado ao hipertireoidismo é mais frequente do que se pensava, podendo ser encontrado em nódulos de natureza funcional distinta. Ressaltamos a importância do acompanhamento ultrassonográfico e da avaliação complementar de nódulos tireoidianos (sejam eles “quentes, mornos ou frios” à cintilografia) por meio da PAAF, para se excluir a presença simultânea de neoplasia maligna.

Tabus e crenças no tratamento oncológico: investigação nutricional

Introdução: entre pacientes oncológicos, é grande a crença em uma resposta terapêutica positiva por meio de alimentos ou produtos naturais.

Objetivo: identificar o consumo de alimentos, plantas e/ou ervas como crenças e tabus e relacionar com evidências científicas.

Método: trata-se de estudo descritivo- exploratório com caráter quanti e qualitativo, com pacientes oncológicos internados em um hospital de referência de Goiás em tratamento clínico.

Resultados: foram obtidos dados de 29 pacientes com diferentes diagnósticos de câncer, todos em quimio ou radioterapia. Foi identificado o consumo constante de noni, graviola e babosa. A maioria dos pacientes relatou consumir esses produtos em busca da cura do câncer; porém, não foi identificado conhecimento sobre toxicidade.

Conclusão: é explícita a necessidade de um profissional nutricionista especializado para orientar sobre os riscos de reações adversas a tratamentos alternativos.

Utilização de marcadores tumorais para o câncer de mama no Brasil em comparação com os preconizados pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica

Introdução: vários exames podem ser utilizados para o diagnóstico, o estadiamento e o acompanhamento do câncer (CA) de mama. Dosar esses marcadores pode impactar diretamente no tratamento escolhido, na verificação de recidiva de doença e de presença de metástases, visto que essa prática pode orientar para um tratamento mais rápido e eficaz.

Método: a pesquisa foi realizada por meio da comparação entre os marcadores tumorais para CA de mama indicados pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco) e os exames realizados no Brasil, por meio da tabela SIGTAP do sistema único de saúde (SUS), convênio e particular, bem como da comparação entre as recomendações da Asco e as da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e do Grupo Brasileiro de Estudos de Câncer de Mama (GBECAM).

Resultados: o SUS contempla os exames antígeno carcinoembriônico (CEA), receptores hormonais ER e PR, amplificação e quantificação proteica do HER2, número inferior aos recomendados pela Asco.

Conclusão: nem todos os marcadores indicados pela Asco são mencionados pela SBOC e GBECAM. Nem todos os exames preconizados pela Asco são realizados via SUS, convênio e particular. A realidade do sistema de saúde brasileiro não segue os mesmos processos de triagem diagnóstica, estadiamento e acompanhamento estabelecidos pela Asco.

Relato de caso: febre em câncer de mama metastático

Febre é um sintoma comum encontrado como manifestação de doença em alguns tipos de tumores
malignos, como linfomas, leucemias e tumores renais; porém, no câncer de mama, é infrequente. A
origem da febre pode estar relacionada com quadro infeccioso, neoplásico, doença inflamatória não
infecciosa ou relacionada ao HIV. Determinar o foco é importante para o direcionamento do tratamento;
logo, a investigação deve ser completa, incluindo exames laboratoriais, culturas, sorologias e exames
de imagem. Neste relato, apresentamos uma paciente do sexo feminino, 38 anos de idade, com diagnóstico de carcinoma ductal invasivo de mama esquerda metastático, internada com quadro de febre a esclarecer.

Carcinoma papilar em cisto tireoglosso: relato de caso

O carcinoma bem diferenciado da tireoide originado de cisto tireoglosso (CT) é uma entidade clínica
rara, com incidência de cerca de 1% entre todos os CT. Apresentamos o caso de uma paciente, com 48
anos de idade, diagnosticada com carcinoma papilar em cisto tireoglosso que, posteriormente, apresentou a mesma patologia na glândula tireoide. O acompanhamento apropriado da glândula é enfatizado.

Relato de caso: leiomioma de cordão espermático

Os leiomiomas são o terceiro tipo mais comum dentre os tumores benignos paratesticulares, acometendo com mais frequência útero, intestino delgado e esôfago, sendo raros em cordão espermático. O diagnóstico diferencial com tumores malignos é o principal desafio em decorrência da semelhança histológica. O tratamento é a ressecção do tumor e o prognóstico é muito bom. Malignização, progressão e metástases são raras, mas recidivas locais podem ocorrer. Este trabalho relata o caso de um homem com diagnóstico de leiomioma de cordão espermático.

Carcinoma adenoide cístico de laringe: relato de caso

O carcinoma adenoide cístico (CAC) é um tumor maligno que acomete as glândulas salivares e que,
raramente, se desenvolve na laringe. O diagnóstico é, geralmente, tardio, em razão de seu desenvolvimento lento na região submucosa. É comum a ocorrência de metástase nos pulmões. Paciente do sexo feminino, 64 anos, diagnosticada tardiamente com CAC de laringe, foi submetida à laringectomia total. Durante o acompanhamento, exames de imagem mostraram a presença de nódulos pulmonares. Após o início do esquema quimioterápico, os nódulos diminuíram.

Associação de tumor estromal gastrointestinal (GIST) e adenocarcinoma de cólon

Introdução: Tumor estromal gastrointestinal (GIST) é uma neoplasia mesenquimal incomum que
compreende a maioria dos tumores considerados gastrointestinais. Existem controvérsias acerca de sua
patogênese, nomenclatura e prognóstico. Na literatura, há ainda poucos estudos que correlacionam GIST
com adenocarcinoma de cólon, embora o número de relatos venha aumentando nos últimos anos e já
existam estudos de biomarcadores para a ocorrência sincrônica de GIST e adenocarcinoma de cólon.
Objetivo: apresentar a associação entre GIST e adenocarcinoma de cólon, por serem tumores gastrointestinais. Método: foram levantados, em relação às duas patogenias, na literatura, características
clínicas, aspectos moleculares, diagnóstico, avaliação, prognóstico e tratamento.

Resultados: o interesse deste estudo encontra-se na sincronia entre GIST e adenocarcinoma de cólon em pacientes sem manifestação específica dessa patogenia, que aparece no momento da laparatomia para análise de GIST. Possivelmente, pode-se explicar essa ocorrência pela existência, em ambos os casos, de metalotioneínas (MT) com uma avantajada afinidade de metais pesados, ligadas a uma família de 10 genes funcionais no ser humano.

Conclusão: a cirurgia é a única modalidade terapêutica com resultados efetivos, com chances de cura, acompanhada da administração de imatinibe como tratamento adjuvante/neoadjuvante.

Sarcoma de partes moles: um estudo retrospectivo

Objetivo: apresentar uma série de casos de sarcomas de partes moles com avaliação dos fatores
prognósticos e da sobrevida.

Método: estudo retrospectivo descritivo envolvendo pacientes com diagnóstico histológico de sarcoma de partes moles. Foram analisadas as seguintes variáveis: idade, sexo, características anatomopatológicas, tipo de operação (radical, marginal, amputação), margens cirúrgicas, quimioterapia e radioterapia, sobrevida global e sobrevida livre de doença.

Resultados: foram incluídos no estudo 24 pacientes com idade média de 50 anos, variando entre 25 e 87 anos. As sobrevidas global e livre de doença foram, respectivamente, de 45 e 41 meses. A localização mais frequente dos tumores foi no membro inferior. O principal tipo histológico foi o sarcoma fusocelular. Os fatores que mais influíram na sobrevida foram o uso de quimioterapia (p=0,484) e o grau histológico (p=0,456).

Conclusão: em virtude do baixo número de casos, não foi possível determinar fatores prognósticos com significância estatística.

A farmacogenética e o tratamento do câncer colorretal: revisão de literatura

A farmacogenética visa a avaliar as modificações genéticas hereditárias que atuam diretamente na ação,
no transporte, na metabolização e em outros parâmetros dos medicamentos utilizados para o
tratamento de várias doenças. Este trabalho teve por objetivo revisar conceitos básicos para o
entendimento da farmacogenética e entender suas aplicações no câncer colorretal (CCR), avaliando os
polimorfismos nos genes relacionados às principais drogas utilizadas no tratamento dessa doença. Para
esta revisão, foi realizada busca de artigos em bases indexadas. Além disso, foram avaliadas a relação
das drogas empregadas no tratamento do câncer e a influência dos polimorfismos específicos no
tratamento de cada tipo de neoplasia, por meio da modificação da expressão de proteínas codificadas
por genes. Foram utilizadas as bases: Drung Bank Database, The Pharmacogenomics Knowledge Base
e Database of Single Nucleotide Polymorphism (dbSNP). Para avaliação do nível de evidência, foi
utilizado o algoritmo disponível na Pharmacogenomics Knowledge Base. Foram avaliados os genes e
seus polimorfismos relacionados com as drogas: platinas, fluoropirimidinas e irinotecano. Para as
platinas, foram avaliados os genes: ERCC_rs11615, MTHFR_rs1801133, XRCC3_rs861539, XPC_
rs2228001, XRCC1_rs1799782, XRCC1_rs25487; para as fluoropirimidinas: MTHFR_rs1801133,
GSTP1_rs1695, XRCC3_rs861539, XRCC1_rs25487, DPYD_rs3918290; e para o irinotecano:
XRCC3_rs861539, UGT1A1_rs8175347.