The Journal of the Brazilian Society of Cancerology

Reavaliação dos índices de captação da tireoide com radioiodo-131 em Brasília

Objetivo: Avaliar os índices de captação tireoidiana de radioiodo-131 na região de
Brasília e compará-los à série histórica.
Material e Métodos: Foram estudados retrospectivamente 42 pacientes, 37 do sexo
feminino e 5 do masculino, com idade média=33,2±14,7 anos (variando de 3 a 65
anos), atendidos no ambulatório de Endocrinologia do Hospital de Base na década de 1990.

O teste de captação foi determinado 24h após administração oral de 0,37 MBq
(10 μCi) de iodeto de sódio- 131I. A glândula tireoide foi aferida pelo exame clínico e
dosagens séricas por radioimunoensaio de: T3 (normal de 80-200 ng/dL), T4 (normal
de 4,5-12,5 μcg/dL) e TSH (normal de 0,5-5,0 μUI/mL). A análise estatística empregou
o qui-quadrado (p>0,05).
Resultados: A captação em 24h resultou 22,2±6,5% (variação entre 9,3 e 35,1%);
T3=132,22±32,01ng/dL (variação entre 80-200ng/dL); T4=8,07±1,54μcg/dL (variação
entre 5,4-11,50μcg/dL); TSH=1.87±1.07μUI/mL (variação entre 0,7 -4,0μUI/mL). O
índice de captação normal do radioiodo-131 adotado em Brasília para 24h, na década
de 1960, variava entre 20% e 76%. A iodação obrigatória por legislação no sal de
cozinha, mais rigorosa nas décadas seguintes, pode estar relacionada à diminuição
dos valores de captação tireoidiana do radioiodo.
Conclusão: A faixa de variação normal da captação do 131I em 24h situou-se entre
9-35%. Esses valores são menores que a série histórica, provavelmente refletindo a
maior oferta de iodo na alimentação do Distrito Federal. Mostram importância no
tratamento de hipertireoidismo e câncer diferenciado da tiróideo.

Aumento na incidência do câncer diferenciado de tireoide em Brasília – DF

Objetivo: Avaliar a incidência do câncer diferenciado de tireoide (CDT) no Distrito
Federal. Métodos: Foram avaliados o sexo e as incidências anuais por 100.000
habitantes em 572 pacientes entre 1984 e 2005, com carcinoma papilar e folicular.
Foi estabelecida a proporção de carcinoma papilar e folicular nas décadas de 1990
e 2000. Foi avaliado tamanho dos nódulos tireoideanos por ultrassom, entre 1995 e 2009.

Resultados: Houve 499 casos do sexo feminino e 73 masculinos: idade média
de 45,5 anos, sendo de 42,7anos no feminino e 48,4 anos no masculino. A incidência
do CDT variou entre 0,35 casos/100.000 habitantes (1984) até 3,0 casos/100.000
habitantes (2005). Na década de 1990 houve o registro de 172 pacientes com CDT,
sendo 113 de papilar e 59 de folicular (65,7% de papilares, 34,3% de foliculares);
na década de 2000, o registro passou de 563 papilares a 75 de foliculares (89%
papilares, 11% foliculares). O tamanho médio dos nódulos variou de 33mm em
1995 para 19mm em 2009.

Conclusão: Houve aumento na incidência do CDT por
incremento do carcinoma papilar, enquanto o folicular se manteve estável. As causas
são a melhora da acurácia diagnóstica da tireoide e o excesso de oferta do iodo na
dieta da população constatado por inquéritos do Ministério da Saúde.

Tecnologia cuidativo-educacional para o tratamento oncológico de pacientes
pediátricos: “Super Ação” em quadrinhos

Câncer caracteriza-se como o conjunto de 100 diferentes tipos de doenças malignas
que são representadas pelo crescimento desordenado de células que possuem a
capacidade de invadir tecidos adjacentes e à distância (INCA, 2020). Atualmente, essa
doença é a segunda causa de morte por adoecimento e varia sua morbimortalidade
entre países de acordo com nível socioeconômico e da exposição a fatores de risco
relativos a condições sociais e ao estilo de vida (SILVA, 2020). Para o Brasil, a estimativa
para cada ano do triênio 2020-2022 aponta que ocorrerão 625 mil casos novos de
câncer (INCA, 2020).

O desafio da Prevenção Básica do Câncer no Brasil

O artigo apresenta uma análise inicial crítica sobre a formação e a prática curricular do conhecimento sobre o câncer, dos acadêmicos de medicina através dos seus currículos e, por conseguinte, dos profissionais recém-formados não especialistas, na sua capacitação para incorpora los nas ações educacionais, quanto a prevenção primária da doença. As vantagens desta prevenção básica e as suas repercussões sobre a SV, QV e nos custos terapêuticos deverão ser os resultados desses princípios,
além da biologia, na busca de uma visão social do câncer, cumprindo os objetivos regimentais da SBC – Sociedade Brasileira de Cancerologia.

Disseminação óssea metastática no carcinoma hepatocelular

A melhoria considerável nas metodologias diagnósticas e terapêuticas permitiram
aumentar e melhorar a qualidade de sobrevida dos pacientes portadores de
carcinoma hepatocelular. Metástases extra-hepáticas ósseas, antes pouco
diagnosticadas por conta do prognóstico reservado para esta patologia, passaram a
sê-lo com maior frequência, demandando maior entendimento sobre a apresentação
clínica, os fatores prognósticos e o tratamento destas lesões.

Leiomiossarcoma ósseo primário

O leiomiossarcoma ósseo primário constitui neoplasia maligna rara que acomete
pacientes de meia idade. Costuma apresentar comportamento biológico agressivo,
alto grau histológico e potencial para o desenvolvimento precoce de metástases.
Estas características tornam importante o seu estudo, buscando identificar fatores
prognósticos e melhores opções de tratamento.

Novas perspectivas sobre ciclo e morte celular na carcinogênese

Recentemente, muitos autores têm considerado o câncer uma doença do ciclo
celular. Enquanto a proliferação de células normais está condicionada a estímulos
de crescimento e sinais mitóticos específicos, as células cancerosas proliferam de
forma desregulada. Além do acúmulo de mutações genéticas, fatores ambientais e
alterações em mecanismos regulatórios epigenéticos contribuem significativamente
para o processo de carcinogênese. Adicionalmente, a quase totalidade de
moléculas reguladoras da proliferação celular já descritas têm sido relacionadas à
transformação maligna. Além da ação dos clássicos genes supressores tumorais
Retinoblastoma (Rb) e p53, novas inter-relações entre a desregulação do ciclo celular
e a iniciação tumoral vêm sendo constantemente desvendadas. Por conseguinte,
estas novas relações vêm redimensionando os conceitos de morte celular e suas
consequências para oncogênese. Desta forma, o objetivo desta revisão é destacar
recentes descobertas dos principais mecanismos carcinogênicos intrínsecos ao ciclo
celular e seus impactos na sobrevivência celular tumoral e resistência antineoplásica.

Changes in diagnosis that influence the control of prostate cancer by radical prostatectomy

Objectives: the main goals were to evaluate preoperative PSA, Gleason score and clinical stage in patients with prostate cancer (PC), as these parameters predict the progression after radical prostatectomy (RP). Methods: we reviewed the clinical records of patients treated with RP between February 1990 and March 2010. Biochemical failure was defined as PSA level greater than 0.2 ng/mL after RP. Chi-square test was used to evaluate the association among clinicopathological characteristics. Differences in dichotomous variables and continuous variables were tested using Student’s t-test. Statistical significance was set at p<0.05. Results: mean age of 1,000 patients was 61.7 years. Mean PSA was 9.28 ng/mL (SD 8.20). The mean follow-up was 53.9 months. Biochemical recurrence occurred in 30.15% of the patients and mean time to detection was 25.9 months. Clinical progression occurred in 4.1% of them. PSA has been dropping in the last 20 years. In the last three years, PSA levels were at 6.99 ng/mL (SD 4.54) and tumor stage T1c increased to 31.8%. Diagnosis with PSA between 4.1 and 10 ng/mL occurred in 60.7%. Biochemical recurrence with PSA less than 4, 4.1-7, and 7.1-10 ng/mL occurred in 14.4, 17.8 and 29%, respectively. Conclusion: PSA has dropped, T1c clinical stage has increased, and Gleason score has been divided by one third for each stage 5-7, 7 and 8-10. Those outcomes confirm that early surgery is useful for biochemical recurrence control. In this study, the diagnosis of PC has been made earlier and has promoted the cure of patients undergoing RP.

Tumor de Frantz: relato de quatro casos e revisão da literatura

Justificativa e objetivos: observa-se um aumento na incidência do tumor de Frantz. Por apresentar boa resposta ao tratamento instituído, nota-se um crescimento do interesse da comunidade médica sobre essa neoplasia. O objetivo do presente estudo é caracterizar aspectos clínicos, histopatológicos, terapêuticos e prognósticos do tumor de Frantz em casuística institucional, comparando-os com dados de maior ocorrência na literatura. Métodos: descrição de quatro casos de tumor de Frantz tratados no Hospital Governador Israel Pinheiro (HGIP) do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (IPSEMG) e no Hospital Mater Dei, no período de janeiro de 2010 a janeiro de 2014, e revisão da literatura médica, baseada em pesquisa no Medline, na SciELO e no PubMed. Resultados: os quatro casos eram pacientes do sexo feminino, com idade entre 18 e 27 anos. Os sintomas eram inespecíficos, como náusea e desconforto epigástrico, e, em um caso, o diagnóstico tumoral foi incidental. A localização mais frequente foi a cabeça pancreática. Em todos os casos, foi possível a ressecção completa da lesão. Após seguimento médio de 24 meses, não houve detecção de recorrência tumoral. Conclusão: ao comparar a casuística do serviço com a literatura revisada, percebe-se concordância epidemiológica e prognóstica. As pacientes descritas neste estudo seguem em acompanhamento sem sinais de recidiva tumoral.

Tumor Fibroso Solitário Pleural Recorrente – Um Relato de Caso

RESUMO:
Introdução: Os tumores fibrosos solitários (TFS) são neoplasias fibroblásticas raras,
cuja localização anatômica mais comum é a pleura. Quanto à imunohistoquímica,
o Antígeno Progenitor Celular Hematopoiético CD34 tem uma taxa de expressão
de 79% nesses tumores, e o Transdutor e Ativador de Sinal da Transcrição 6 tem
uma taxa de expressão de 98%. Complicações de TFS torácicos incluem recidiva
local, invasão do parênquima pulmonar, disseminação através da parede torácica e
cavidade, e disseminação extratorácica.
Relato de Caso: Paciente do sexo femino de 74 anos, exposta ao fumo passivo
há mais de 40 anos, foi diagnosticada com um TFS na pleura esquerda em 2006,
e foi submetida a uma ressecçao cirúrgica. Em 2017 houve recidiva tumoral, com
invasão do lobo inferior do pulmão esquerdo e de um gânglio linfático mediastinal,
e a paciente foi novamente submetida à cirurgia. Em 2018, exame tomográfico
evidenciou um novo tumor na base do hemitórax esquerdo, com acometimento de
nódulos linfáticos paravertebrais. Análise imuno-histoquímica classificou o tumor
como positivo para CD-34, BCL-2 (gene regulador de apoptose em linfócitos B), e KI-67
(gene marcador de proliferação 67). Em 2019, outro nódulo no lobo pulmonar inferior
direito foi classificado como TFS maligno, com um perfil imuno-histoquímico distinto.
Conclusão: O TFS ainda é um desafio na clínica oncológica. A falta de variabilidade
nas modalidades de tratamento deixa os pacientes mais susceptíveis a recidivas e
cirurgias adicionais, aumentando a morbi-mortalidade. Pesquisas focadas na análise
imunohistoquímica dos TFS podem ajudar a caracterizar esse tumor, levando a um
melhor manejo clínico.